sábado, 12 de outubro de 2013

A vontade e o medo


Blog do João Bosco Leal


O medo e a vontade 06Quando somos crianças e estamos aprendendo a andar, os medos são menores, praticamente inexistentes, por não conhecermos a dor, mas à medida que vamos tomando conhecimento de suas possibilidades e intensidades, os medos começam a se acumular em nossas mentes.

Colocar o dedo em uma tomada pode provocar choque; em um ventilador em movimento, a quebra de um dedo; cair e bater com o rosto no chão pode causar um corte que necessite de pontos cirúrgicos ou até a quebra de um dente.

Todas essas situações provocam dor e ao mesmo tempo, por menores que sejam os ensinamentos delas retirados, nos deixarão mais atentos para o resto de nossas vidas. Porém, ao passar por essas experiências, algumas pessoas adquirem medo das possibilidades, o que poderá atrapalhar muitas atividades.

A maioria dos medos – apesar de para quem os possui serem incontroláveis -, foram adquiridos na infância, por pequenas experiências mal sucedidas, que causaram dor ou por histórias que lhes contaram com o exato propósito de assustá-las.

Outros são transtornos psicológicos – como a claustrofobia -, quando a pessoa não consegue permanecer em ambientes fechados com pouca circulação de ar, como nos elevadores, ônibus, metrôs e trens lotados ou salas fechadas, por exemplo.

Estatisticamente, os cinco meios de transporte mais seguros que existem, por ordem de segurança são: elevador, avião, metrô, helicóptero e navio. Atualmente, entretanto, o carro é eleito como o principal meio de transporte na grande maioria dos países, e entre as incontáveis pessoas que os utilizam, milhares – não só os claustrofóbicos -, têm medo de elevadores, o que – de acordo com os números -, não deveria ocorrer.

Independentemente do motivo, os diversos tipos de medos podem prejudicar, inibir ou até mesmo impedir muitas atividades – profissionais ou emocionais -, da vida de milhares de pessoas. Quantos, por medo de desafinar e serem motivos de risos, já deixaram de experimentar cantar e poderiam, com algum estudo e prática, terem se tornado excelentes cantores? Tocar algum instrumento musical deixou de ser sequer tentado por milhões de pessoas durante os séculos, simplesmente porque as próprias ficavam inibidas em testar suas aptidões.

Por insegurança, medo da recusa ou de se tornar motivo de chacota de quem delas soubesse, infinitas aproximações, abordagens e declarações de amor entre casais deixaram de ocorrer, pois são raros os que atingem maturidade suficiente para declarar seu amor publicamente, sem se importar com o que farão ou pensarão aqueles que, por serem emocionalmente fracassados, certamente deles procurarão rir.

A sociedade em que vivemos cobra demasiadamente – e desde a infância -, o sucesso em todas as áreas, motivo pelo qual durante a vida deixamos de fazer ou de tomar muitas atitudes, por medo de errar, pois somos criados de modo à sempre vencer, no judô, na natação, nas notas da escola, nos negócios, e assim temos dificuldades em aceitar tropeços e quedas, o que é um exagero.

Cair não significa permanecer no chão. Quem cai certamente se levantará e provavelmente terá menos chances futuras de tomar outro tombo. No aprendizado da vida, o que ainda não errou tem mais chances de errar que o que já aprendeu com aquele erro.

Acertar ou errar são consequências, mas nossos medos precisam ser substituídos por nossas vontades.

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